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Seu endividamento não depende da taxa de juros!

Planejamento financeiro
Autor(es):
Bem Financeiro
Tempo de leitura:
6 min.
Uma pessoa usando um tablet. Na tela está o logo da Fundação Promon.

Após cada variação da taxa SELIC ouvimos comentários como: “a rentabilidade da poupança será afetada...”, “as taxas de juros nos financiamentos sofrerão uma variação...”, “a rentabilidade dos investimentos atrelados à SELIC...”. Tudo isso porque é a taxa de juros básica da economia. Se a taxa SELIC sobe, os juros dos empréstimos se elevam; se ela desce, os juros dos empréstimos diminuem. Assim, a cada variação da taxa SELIC se diz que o endividamento das pessoas se eleva ou diminui.

O que eu quero conversar com você hoje não é sobre os impactos macroeconômicos e microeconômicos da variação na taxa de juros (parece título de tese de doutorado, certo?), mas por que suas condutas impactam muito mais no seu endividamento do que a taxa de juros.

Advertência 1: cada vez que utiliza o crédito, está pagando juros! Ainda que digam “taxa 0%”, os juros estão embutidos no preço!

Advertência 2: ao usar o crédito, está utilizando dinheiro que não é seu e que precisa devolver. O preço por usar dinheiro que não é seu é a taxa de juros e ... não é barata!

Advertência 3: na maioria dos casos (por não dizer todas) os juros de um empréstimo se calculam utilizando a fórmula de juros compostos (juros sobre juros). É a mais cara!

Advertência 4: ainda que possa negociar a taxa de juros (às vezes, é possível), o consumidor não tem controle sobre a taxa de juros que os bancos/financeiras determinam como “taxa mínima”. Portanto, repito, por usar dinheiro que não é seu sempre irá pagar caro!

Resumo rápido: consumo porque “necessito”, uso o crédito porque não tenho dinheiro agora (mas acredito que vou ter no futuro), não sinto dor ao pagar (por causa do anestésico) e as contas aumentam. Pareceria ser um círculo vicioso sem saída!

Agora chega o momento de analisar o comportamento, a forma em que reagimos frente a um determinado estímulo interno ou externo. Apesar de que dificilmente possamos ter completo controle sobre nossos comportamentos, podemos influenciá-los/controlá-los mais do que a taxa de juros.

Chegamos aqui ao ponto que faz a diferença quando falamos sobre endividamento. Podemos controlar nossas decisões de consumo e evitar ou reduzir a utilização do crédito!

Como fazer para melhorar o controle?

Eduque-se financeiramente. Informe-se sobre as ferramentas financeiras de uso mais comum (crédito, crediário, cartão de crédito, Pix), como utilizá-las, das suas vantagens e dos seus riscos. Assim como lê o manual de uso do seu celular, procure informar-se sobre como utilizar estas ferramentas corretamente.

Organize seu orçamento. Saiba quanto recebe líquido, quais são suas despesas básicas (as necessárias para sobreviver), suas despesas supérfluas (aquelas menos importantes que as básicas) e quais são as parcelas a pagar (no mês atual e nos meses seguintes).

Lembre-se que ao comprar parcelado, além de pagar juros, também compromete rendimentos futuros. Cada vez que compra parcelado está comprometendo rendimentos que ainda não recebeu (ao comprar por R$100,00 em 4x, está comprometendo R$25,00 dos próximos 4 salários). Antes de decidir uma nova parcela, saiba quanto já comprometeu dos seus futuros rendimentos e, assim, evitará ter que pagar mais do que receberá.

Planeje suas compras. Organizando seu orçamento saberá quanto tem disponível depois de pagar suas despesas básicas, as parcelas de compras anteriores e as despesas supérfluas. Para agregar uma nova despesa/parcela e poder manter um orçamento saudável (gastando menos do que recebe), deverá verificar que esse novo valor cabe dentro do orçamento atual e dos futuros.

Pergunte-se: quero ou preciso disso? Muitas vezes nossas compras são definidas por pressões sociais, familiares ou pela propaganda agressiva. Antes de decidir uma nova compra, pare, respire fundo e se questione sobre quais os benefícios dessa aquisição. Uma dica: deixe passar 24 horas e se questione novamente!

Tenha objetivos. Objetivos de curto, médio e longo prazo funcionam como uma bússola, pois indicam o caminho que você decidiu seguir. Portanto, o que é realmente importante para você? Quanto isso custa? Quando vai acontecer? Essas respostas facilitarão demais o “NÃO” para aquelas compras menos importantes.

Se for comprar parcelado ou contratar um financiamento, a parcela deve caber no orçamento. Como já falamos, lembre-se que parcelar significa comprometer rendas futuras e o futuro é incerto. Portanto, não adianta sair comprando porque vai dividir em muitas parcelas “pequenas” se essas parcelas não caberão no orçamento dos restantes meses. A compra virará pesadelo e o endividamento baterá na porta!

Crie uma reserva. Ter uma reserva protege seus objetivos assim como seu orçamento. Dado que o futuro é incerto, ofereça-se a possibilidade de poder enfrentar uma eventualidade sem se endividar para resolvê-la. Também, em caso de uma diminuição na renda, poderá honrar as parcelas já contratadas.

Acredito que a mensagem foi transmitida. Suas condutas pesam mais no endividamento do que a taxa de juros! Portanto, não adianta responsabilizar os juros altos pelo seu endividamento. Quem controla a decisão de contratar uma nova dívida é você!

Sem os devidos cuidados, o crédito pode virar dependência e pesadelo!

Reprodução de conteúdo
Fonte:
Bem Financeiro
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